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Humberto de Campos

Humberto de Campos Veras, nasceu em Miritiba, hoje Humberto de Campos, Maranhão, em 25 de Outubro de 1886. Foram seus pais Joaquim Gomes de Faria Veras, pequeno comerciante, e Ana de Campos Veras.

Perdendo o pai aos seis anos, Humberto de Campos deixou a cidade natal e foi levado para São Luís, dali, aos 17 anos, passou a residir no Pará, onde conseguiu um lugar de colaborador e redator na Folha do Norte e, pouco depois, na Província do Pará. Em 1910 publicou seu primeiro livro, a coletânea de versos intitulada Poeira.

Em 1912 transferiu-se para o Rio de Janeiro. Entrou para o Imparcial, na fase em que ali trabalhava um grupo de escritores ilustres, como redatores ou colaboradores. Ali também José Eduardo de Macedo Soares renovava a agitação da segunda campanha civilista. Humberto de Campos ingressou no movimento. Logo depois o jornalista militante deu lugar ao intelectual. Fez essa transição com o pseudônimo de Conselheiro XX com que assinava contos e crônicas, hoje reunidos em vários volumes.

Humberto de Campos, jornalista, político, crítico, cronista contista, poeta, biógrafo e memorialista, foi eleito em 30 de Outubro de 1919 para a Cadeira n º 20 da Academia Brasileira de Letras.

Em 1920, já acadêmico, foi eleito deputado federal pelo Maranhão. A revolução de 1930 dissolveu o Congresso e ele perdeu seu mandato. O Presidente Getúlio Vargas, que era grande admirador de Humberto de Campos, procurou minorar as dificuldades do autor de Poeira, dando-lhe os lugares de Inspetor de ensino e de Diretor da Casa de Rui Barbosa.

Em 1931, viajou ao Prata em missão cultural. Em 1933 publicou o livro que se tornou o mais célebre de sua obra, Memórias, crônica do começo de sua vida. O seu diário secreto, de publicação póstuma, provocou grande escândalo pela irreverência e malícia em relação a contemporâneos.

Autodidata, grande ledor, acumulou vasta erudição, que usava nas crônicas. Poeta neoparnasiano, fez parte do grupo da fase de transição anterior a 1922. Poeira é um dos últimos livros da escola parnasiana no Brasil.

Fez também crítica literária de natureza impressionista. Na crônica, seu recurso mais corrente era tornar conhecidas narrativas e dar-lhes uma forma nova, fazendo comentários e digressões sobre o assunto, citando anedotas e tecendo comparações com outras obras.

Humberto de Campos era um dos maiores escritores brasileiros. Nos últimos dias de sua vida, dominado por terrível enfermidade, escrevia com profunda piedade. Suas palavras e suas páginas já falavam de alguém que não era mais deste mundo. O público assistindo impotente à sua quase agonia devorava-lhe as crônicas e os livros como quem se despede de um grande amigo.

Doente, deformado, sob o peso da morte, Humberto recebia cartas de consolo e conforto, e, diz ele, dos espíritas que tentavam dar-lhe novas esperanças.

Humberto de Campos desencarnou no Rio de Janeiro, em 5 de Dezembro de 1934.

Tempos depois, Chico Xavier, começou a receber o grande escritor. O estilo era o mesmo, as imagens e as expressões eram do melhor Humberto. Agripino Grieco veio de público atestar a autenticidade do estilo e da linguagem, cheia de referências à Grécia e aos homens.

As crônicas escritas pelo Chico saltaram para as páginas dos jornais e passaram a ser estudadas e criticadas, os livros foram vendidos às enxurradas. A venda dos livros despertou o interesse da família que ingressou em Juízo para cobrar indenização e impedir talvez a publicação das obras. O caso tornou-se rumoroso e foi fartamente divulgado pela Imprensa Brasileira, como é do conhecimento de todos. A Justiça lavou as mãos como Pilatos e declarou que ela nada tinha a ver com o caso que fugia ao seu domínio, pois, não poderia legislar no Reino do Espírito.

Dona Ana de Campos Veras, uma velhinha bondosa, que acalentara nos braços, um dia, o seu filho amado, escreveu a Chico Xavier e lhe enviou o retrato do escritor com carinho.

Humberto de Campos continuou a escrever por Chico Xavier adotando o pseudônimo de Irmão X.

(Zêus Wantuil. Grandes Espíritas do Brasil. FEB)